Adolescentes Que Escorregam de Nossas Mãos”
AUTORIA
Glaucia Da Costa Neves , Marília Etienne Arreguy
ABSTRACT
A partir de um caso clínico ocorrido na Proteção da Infância, na França, analisaremos o afastamento de um adolescente da sua família e o seu processo de abandono escolar. Este artigo se situa dentro de um trabalho de doutoramento sob orientação de Alberto Ciccone na Universidade Lyon 2, em cotutela com a coorientação de Marília Etienne Arreguy, da Universidade Federal Fluminense. O caso foi tomado no enquadre dos estudos e discussões do Grupo Alteridade Psicanálise Educação - GAP(E) / CNPq / UFF. O nosso objetivo é de questionar a relação entre o abandono escolar e o sentimento de pertencimento familiar, assim como a função parental e da justiça. Essa função é uma operação necessária para impedir o processo de desarticulação ou desmonte de uma construção psíquica na medida em que o sujeito é confrontado com uma lei que vem a reparar danos familiares arcaicos. Tentaremos expor aqui como a confusão da cena da internação, em que houve dúvida em se decidir por uma internação civil ou penal, estaria em correlação com a confusão da cena familiar. A falha da justiça vem a se somar à paterna, abrindo espaço para uma situação de repetição de incesto fraterno, deixando este adolescente em dificuldade para se inscrever na linhagem familiar e, consequentemente, em uma carreira escolar. A confusão da cena familiar seria uma consequência de vestígios traumáticos pertencentes à história individual do casal parental e um entrave do processo pubertário comprometendo a autonomia e a individualização do adolescente, onde o espaço-tempo ficaria fixado na cena traumática das suas origens familiares. A confusão da equipe na sanção do caso se dá devido ao excesso penal de um lado, e à crença numa reparação imaginária, por outro, em que o interdito necessário à posição incestuosa do adolescente escorre das mãos da equipe profissional.
Para participar do debate deste artigo, faça login.