A relação transferencial entre professor e alunos ditos com deficiência: impasses e possibilidades
AUTORIA
Candice Marques De Lima
ABSTRACT
Na educação inclusiva, os alunos ditos com deficiências parecem suscitar incômodos e criar impasses, que vão desde sua inserção na escola comum, até a relação transferencial com seus professores. Nessa pesquisa, busca-se compreender como esses alunos podem ser vistos pelo docente e como isso impacta em sua inclusão e na transferência que aí se estabelece. É compreensível que as deficiências – física, sensorial ou casos que tenham diagnósticos de psicose ou de autismo, produzam no docente um mal-estar. Nesse sentido, a teoria psicanalítica pode trazer contribuições para se pensar a educação de maneira geral e a educação inclusiva, a partir de conceitos como inconsciente, transferência, entre outros. No dia-a-dia é comum imaginar que as pessoas – se não são totalmente iguais, são muito parecidas. As pessoas sem deficiências geralmente convivem mais entre si e por isso acreditam que fisicamente se é igual, salvo as diferenças a que se está habituado. Essas experiências cotidianas fazem parte do registro imaginário, no qual haveria uma especularidade entre eu-outro, como se esse outro, o semelhante, fosse sua extensão e a imagem de si mesmo. Por outro lado, quando se depara com alguém muito diferente, pode surgir um outro efeito nessa especularidade, conforme escrevem Korff-Sausse (2010) e Lajonquière (2010), pois esse outro é tão diferente que pode causar afetos bastante contraditórios e deixar quem com ele se depara sem saber o que fazer ou o que falar. Nas situações de sala de aula, o professor pode pensar que seria impossível ensinar um aluno que tenha essas características. Nesse sentido, a angústia, que muitas vezes imobiliza o professor em sua relação transferencial com alguns alunos, poderia se transformar em trabalho, em possibilidades de práticas na sala de aula que tornem possível o ensino, caso o docente tenha condições de entendê-las como possíveis e passíveis de acontecer e possa se deslocar do lugar de inibição ou de incapacidade para um outro lugar.
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