IMPLEMENTANDO BOAS PRÁTICAS EM IMUNIZAÇÃO EM SALA DE VACINA DE UMA UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE: RELATO DE EXPERIÊNCIA ACADÊMICA
AUTORIA
Isabelle De Souza Januária , Myllene Aparcida Leite De Souza , Paula Fernandes De Souza
ABSTRACT
RESUMO: O tema “Segurança do Paciente” entrou na agenda política, no Brasil, desde a mobilização da Anvisa/MS junto à Organização Mundial da Saúde (OMS) que orientam a identificação de ações que ajudem a evitar riscos para os pacientes. Assim, esse tema vem sendo desenvolvido sistematicamente pela Anvisa, desde 2004, com a publicação das diretrizes estabelecidas pelo Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), em 2013. Sabe-se que o processo de trabalho, em sala de vacina, é complexo e requer atenção para realização de procedimento que seja seguro tanto para o paciente quanto para o profissional. Esse estudo pretende relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem ao implementar, junto à equipe de enfermagem de uma Unidade Básica de Saúde, as boas práticas em imunização e segurança do paciente. Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, a partir da prática clínica de acadêmicos de enfermagem, realizada no período de fevereiro a maio de 2019, que possibilitou observar a necessidade de discutir processo de trabalho em sala de vacina quanto as boas práticas em imunização e segurança do paciente. Realizou-se roda de conversa junto aos profissionais, momento em que identificou-se discrepâncias no conhecimento dos profissionais que atuam na sala de vacina, além de dúvidas acerca do processo de trabalho. Elaborou-se o documento intitulado “Os 13 Certos em Sala de Vacina” utilizado para o debate durante a roda de conversa, transformado em banner e entregue à equipe de enfermagem e gerente, sendo afixados em locais estratégicos da sala de vacina. A estratégia de roda de conversa possibilitou aos profissionais de enfermagem atualizar os conhecimentos, esclarecer dúvidas acerca do processo de trabalho em sala de vacina e a refletir sobre o tema em direção à uma prática mais segura em imunização. A experiência possibilitou aos acadêmicos identificar as dificuldades e dúvidas reportadas pelos profissionais, evidenciando a importância da educação permanente e continuada para os profissionais. Contribuiu para que os acadêmicos refletissem sobre a prática em imunização e entender a importância do enfermeiro como gestor da equipe de enfermagem e responsável técnico pela sala de vacina. Descritores: Vacinação. Programas de Imunização. Segurança do Paciente. Pessoal de Saúde. Educação continuada. INTRODUÇÃO: Atenção Primária à Saúde (APS), lócus privilegiado para ações de prevenção de doenças e promoção de saúde, tem sido destacada como porta de entrada do sistema de saúde devendo ser o primeiro contato das pessoas com o sistema. Esse nível de atenção representa um ponto cada vez mais complexo no sistema, considerando as suas especificidades e as demandas, cada vez mais crescente, da população que busca por cuidados. Dentre as ações de prevenção destaca-se uma das mais eficazes que é a imunização. Observa-se ampliação do calendário vacinal de imunização, ao longo da história do Programa Nacional de Imunização (PNI), com inclusão de uma diversidade de imunobiológicos para todos os ciclos vitais. Imunobiológicos são produtos seguros, eficazes e bastante custo-efetivos em saúde pública, contribuindo para a erradicação e redução de diversas doenças imunopreveníveis. Porém, a eficácia e segurança dos imunobiológicos dependem do manejo e administração corretos, para conferir a imunização dos indivíduos, evitando-se eventos adversos. Sabe-se que o processo de trabalho, em sala de vacina, é complexo e requer atenção para realização de procedimento que seja seguro tanto para o paciente quanto para o profissional. Para que este processo ocorra com eficácia e segurança, as atividades de imunização devem ser cercadas de cuidados, adotando-se procedimentos adequados antes, durante e após a administração dos imunobiológicos¹. O tema “Segurança do Paciente” entrou na agenda política, no Brasil, desde a mobilização da Anvisa/MS junto à Organização Mundial da Saúde (OMS) que orientam a identificação de ações que ajudem a evitar riscos para os pacientes. Assim, esse tema vem sendo desenvolvido sistematicamente pela Anvisa, desde 2004, com a publicação das diretrizes estabelecidas pelo Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP), em 2013². OBJETIVO: Relatar a experiência de acadêmicos de enfermagem ao implementar, junto à equipe de enfermagem de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), as boas práticas em imunização e segurança do paciente. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, a partir da prática clínica de acadêmicos de enfermagem, realizada no período de fevereiro a maio de 2019, que possibilitou observar a necessidade de discutir processo de trabalho em sala de vacina quanto as boas práticas em imunização e segurança do paciente. A partir da demanda do cenário de práticas acadêmicas, foram organizados pelos acadêmicos, sob supervisão docente, o material e a metodologia a serem utilizadas para abordagem do tema. Foi definida como estratégia de abordagem a metodologia da roda de conversa. Além disso, realizou-se revisão de literatura utilizando Manuais da ANVISA e PNI, que subsidiaram a elaboração do documento intitulado: “Os 13 Certos em Sala de Vacina”, utilizado para debate durante a roda de conversa e que possibilitou discutir o processo de trabalho em sala de vacina. Foram realizados dois encontros, sendo um no período da manhã e outro no período da tarde com intuito de abranger todos os profissionais da UBS. RESULTADOS E DISCUSSÕES: A partir da vivência acadêmica, durante a prática clínica, observou-se a necessidade de discutir sobre as demandas e processos de trabalho em uma UBS, quanto as atividades de imunização, o que possibilitou desenvolver um plano de ação como contribuição acadêmica ao cenário de práticas. Para o desenvolvimento do plano de ação foi utilizada a metodologia de roda de conversa, que se mostrou uma ferramenta potente no desenvolvimento da educação permanente e continuada para os profissionais da APS, considerando a participação ativa desses profissionais. Importante enfatizar alguns aspectos que otimizaram essa participação, quais sejam: o tema abordado foi uma demanda dos próprios profissionais da UBS, em comum acordo com a enfermeira e gerente, além da garantia de espaço na agenda e de local apropriado para realização da atividade. Durante a realização da roda de conversa, percebeu-se discrepâncias no conhecimento dos profissionais que atuam na sala de vacina, devido a alguns terem maior experiência que outros. Além disso, percebeu-se dúvidas acerca do processo de trabalho, quanto a administração de várias vacinas ao mesmo tempo, locais de administração, dentre outras, bem como quanto a interrelação das atividades em sala de vacina com as boas práticas e segurança do paciente. Assim, elaborou-se o documento intitulado “Os 13 Certos em Sala de Vacina” (APÊNDICE) que contemplaram-se os seguintes tópicos: 1. Armazenamento e conservação certo das vacinas, 2. Organização certa das caixas térmicas para acondicionar vacinas de uso diário, 3. Organização certa dos materiais e insumos para sala de vacina, 4. Acolhimento certo dos clientes, 5. Cadastro certo do cliente, 6. Registro certo das doses de vacinas administradas, 7. Aprazamento certo das próximas vacinas, 8. Cliente certo, 9. Vacina certa, 10. Preparo certo das vacinas, 11. Dose certa, 12. Administração certa e 13. Orientações certas. Esse documento, utilizado para o debate durante a roda de conversa, foi transformado em banner (APÊNDICE), entregue para a equipe de enfermagem e gerente da UBS, sendo afixados em locais estratégicos da sala de vacina. CONCLUSÃO: Diante deste cenário, fica evidente a necessidade de ampliar a cultura de segurança do paciente na APS capacitando profissionais para reconhecerem e gerenciarem as boas práticas em imunização, reduzindo assim eventos adversos, erros e tensões entre profissionais e população. A estratégia de roda de conversa possibilitou aos profissionais de enfermagem atualizar os conhecimentos, esclarecer dúvidas acerca do processo de trabalho em sala de vacina e a refletir sobre o tema em direção à uma prática mais segura, tanto para o paciente quanto para o profissional, contribuindo para a melhoria da qualidade da assistência. A experiência possibilitou aos acadêmicos identificar as dificuldades e dúvidas reportadas pelos profissionais, evidenciando a importância da educação permanente e continuada da equipe assistencial para a atualização e realização de condutas seguras para o paciente e profissional dentro da sala de vacina. Além disso, contribuiu para que os acadêmicos refletissem sobre a prática em imunização e entender a importância do papel do enfermeiro como gestor da equipe de enfermagem e responsável técnico pela sala de vacina. REFERÊNCIAS: 1Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de Normas e Procedimentos para Vacinação / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 176 p. : il. ²Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Assistência Segura: Uma Reflexão Teórica Aplicada à Prática. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: Anvisa, 2017.
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