Exame Clínico Objetivo Estruturado (OSCE)
AUTORIA
Caíque Araujo Siqueira , Mariana Carvalho Martins , Raquel Baroni De Carvalho
ABSTRACT
Na área da saúde, muito se discute sobre integrar a teoria e a prática, o ensino e o serviço, visando a formação de um profissional que compreenda a realidade e, a partir dela, transforme os processos de trabalho da sua área de atuação. O docente tem o papel de facilitador desse processo, levando os discentes a observar a realidade e, a partir da compreensão dessa, extrair o conteúdo e transformá-la, dando-lhe sentido aplicado. Sendo assim, o modo avaliativo precisa estar em consonância com o processo de aprendizagem, em que a avaliação se torna uma grande atividade pedagógica, que proporciona ao estudante refletir sobre o que está aprendendo, o que está faltando, o que precisa ser modificado, o que é importante ser ampliado ou complementado; em suma, ela deve possuir um caráter de retorno motivador da aprendizagem. O Exame Clínico Objetivo Estruturado (OSCE) é um instrumento de avaliação de competências clínicas, descrito por Harden, em 1975, para o curso de Medicina e, desde então, empregado nos demais cursos das Ciências da Saúde. OSCE é estruturado por meio de estações, ou seja, em cada estação cria-se uma situação com tarefas que deverão ser desenvolvidas em um tempo especificado. Na avaliação clínica tradicional, o professor analisa o desempenho do aluno ao realizar a prática, mas há variações significativas envolvidas: os pacientes são diferentes para cada estudante e, em uma única turma, podem ocorrer oscilações entre professores ao examinar um mesmo procedimento, tornando a avaliação subjetiva. No OSCE, a situação clínica é padronizada e os alunos podem ser observados no mesmo contexto, com uma lista de verificação que confere objetividade ao exame. O objetivo desta pesquisa foi estruturar um workshop para apresentar, discutir e obter a percepção de docentes do curso de Odontologia de duas instituições, uma pública (UFES) e uma privada (FAESA), ambas localizadas no município de Vitória/ES, sobre o instrumento avaliativo OSCE, conforme projeto aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Centro de Ciências da Saúde da UFES sob registro CAAE 28119220.9.0000.5060. Trata-se de um estudo metodológico com elaboração de workshop, realizado on-line para cada grupo (UFES e FAESA), em dias diferentes, com três etapas: apresentação do instrumento avaliativo, momento de debate/dúvidas e preenchimento de questionário. Nessa última etapa, por meio do questionário, com 15 perguntas objetivas, preenchidas on-line, perfazendo três dimensões: a primeira, para conhecer o perfil do docente participante; a segunda inquiria sobre conhecimentos prévios e adquiridos após a apresentação/momento de debate/dúvidas; e a terceira com opinião acerca do workshop, foi possível fazer a coleta de dados da pesquisa. Na Tabela 1, é possível observar que um total de 38 professores participaram da apresentação e do momento de debate/dúvidas, mas somente 32 concluíram o workshop respondendo ao questionário, tendo 84,21% de retorno. Ao traçarmos o perfil dos participantes encontramos que a maioria tem mais de 15 anos de formação na graduação e de atuação na docência, mais da metade possui doutorado e a maior parte é do gênero feminino. Os resultados apontam que 50,00% não conheciam o OSCE, 50,00% concordam parcialmente que o método consegue avaliar habilidades e atitudes e 46,87% concordam totalmente com tal afirmativa. Todos afirmaram que utilizariam o instrumento como forma de avaliação na sua disciplina, mas 34,38% fariam adaptações. Dentre os professores da FAESA, 68,8% afirmaram não haver dificuldades para realização do OSCE, enquanto 37,50% dos profissionais da UFES consideraram como obstáculo a disponibilidade de espaço e de recursos humanos. Entre os professores das duas instituições, 90,63% afirmaram que conseguiriam elaborar uma estação com alguma competência relevante para sua disciplina. Conclui-se que o workshop foi avaliado positivamente e o OSCE foi bem aceito pelos participantes da pesquisa, nota-se ainda que tiveram uma percepção favorável frente ao instrumento avaliativo, uma vez que todos, independentemente do local em que lecionam, apontaram que o utilizariam na disciplina que ministram. Conforme observado na Tabela 2, as dificuldades relatadas para uso do OSCE são diferentes entre as instituições participantes.
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