Relato de experiência de atividades de educação alimentar com crianças de um Centro de Educação Infantil (CEI): Uma atividade do PET-Saúde Interprofissionalidade (FURB/SEMUS) em Blumenau (SC) Brasil

DOCUMENTAÇÃO

Tema: Educação Física, Nutrição, Fisioterapia e áreas afins na Gestão, Educação e Promoção da Saúde

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AUTORIA

Natália Schmitt

ABSTRACT
: Atualmente, a adoção de maus hábitos de vida tem influenciado direta e indiretamente na saúde da população, em especial na saúde infantil, como atestam os atuais e crescentes casos de obesidade em crianças, possibilitando o aumento da incidência de doenças crônicas não transmissíveis. Segundo pesquisas do Ministério da Saúde (MS), 12,9% das crianças brasileiras, com idades entre 5 e 9 anos, estão obesas. Um estudo recente aponta que crianças acima do peso possuem 75% mais chances de serem adolescentes obesos e estes têm 89% de chances de serem adultos obesos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2019). Nessa faixa etária, as escolhas alimentares sofrem intensas influências dos hábitos alimentares da família. A formação da preferência da criança pode, então, decorrer da observação e imitação dos alimentos escolhidos por familiares ou outras pessoas e crianças que convivem em seu ambiente (FERNANDES, et al, 2013). Em 2007, o Ministério da Saúde instituiu um programa, o PSE (Programa de Saúde na Escola), visando coletar a antropometria, altura e peso das crianças e adolescentes, nas escolas e CEIs, com o intuito de avaliar a situação atual e, a partir dos dados coletados, criar ações promoção da saúde, prevenindo doenças e seus agravos. Assim, o objetivo deste trabalho é relatar a experiência de sensibilização de crianças da educação infantil sobre a importância de uma alimentação saudável, para promover a saúde, prevenir a obesidade infantil e motivar o interesse pelo assunto. A metodologia utilizada é o relato de experiência das rodas de conversa interdisciplinares sobre educação alimentar com os alunos de um Centro de Educação Infantil (CEI) do município de Blumenau (SC). Esta atividade faz parte do PET-Saúde Interprofissionalidade, uma parceria entre a Universidade Regional de Blumenau (FURB) e a Secretaria Municipal de Saúde de Blumenau (SEMUS). Este projeto PET-Saúde Interprofissionalidade além de contribuir com a interdisciplinaridade e a intersetorialidade nas ações comunitárias, se destaca por estabelecer relações de planejamento estratégico participativo com os estudantes, ainda em suas atividades de ensino, pesquisa e extensão. Esta experiência relatada aconteceu no Centro de Educação Infantil Manoela Reinert, na Estratégia de Saúde da Família (ESF) Lothar Franz no município de Blumenau (SC), durante os meses de outubro e novembro de 2019 com crianças do nível escolar PRÉ I, II e III da Educação Infantil com idades entre 4 e 6 anos, matriculadas no período vespertino, aproximadamente 40 crianças participaram, atendendo cada turma individualmente. Anualmente, a Unidade Básica de Saúde (UBS) é responsável pela coleta de dados antropométricos dos alunos matriculados nas escolas e CEIs. A partir dos dados coletados em agosto de 2019, considera-se que das 121 crianças analisadas, 14% estão com risco de sobrepeso, 2,5% têm sobrepeso e 3,3% são obesos. Assim percebe-se a necessidade de atividades para desenvolver o conhecimento das crianças a respeito dos seus hábitos alimentares, motivando-as a uma alimentação mais saudável. A metodologias utilizada, no início da abordagem, foi a realização de uma roda de conversa com as crianças, questionando seus nomes e qual era o alimento que elas mais gostavam de comer. Em cada turma foram feitas atividades diferentes de acordo com a faixa etária dos alunos, usando linguagem apropriada para que facilitasse a compreensão. Nas turmas do PRÉ I e II, após a roda de conversa, foram passados vídeos didáticos a respeito. Depois da exibição e da em roda, de maneira lúdica, foi discutido sobre o que aprenderam no vídeo. Também foram dispostos e apresentados, durante a roda de conversa, alguns vegetais, explicados o que eram e a importância de uma alimentação natural (não industrializada). Para finalizar a atividade os alunos puderam plantar um pé de feijão em um copo, que deveriam cuidar e levaram para sua casa. Na oficina realizada na turma do PRÉ III, foi construída e disposta, no centro da roda de conversa, uma pirâmide alimentar , usando tecidos, onde vários alimentos que puderam ser colados com velcro. Analisando a pirâmide, as acadêmicas explicaram  cada parte, depois as crianças retiraram os alimentos da pirâmide  e os colaram onde achavam que era o lugar certo. Aconteceram alguns erros, que foram corrigidos, pelas petianas que ajudaram na colagem, explicando. Para finalizar a oficina, e como última atividade usou-se a caixa misteriosa, que continha, em seu interior,  alimentos que deveriam ser identificados, ou seja, adivinhar o que sentiam ao tocá-los. Em todas as turmas, foi disponibilizada e entregue aos pais, uma sacola ecológica com vários folhetos informativos sobre alimentação saudável. Assim, foi possível realizar uma atividade com as crianças e levar informação aos pais, para que possam praticar o que foi ensinado na sala de aula. Para a elaboração e execução do projeto participaram profissionais da UBS e estudantes de diferentes cursos de graduação, visando trabalhar em equipe e interdisciplinaridade da saúde. Os principais resultados obtidos foram a conscientização, motivação e educação em saúde das crianças sobre a imensa variedade de opções saudáveis de alimentos, informações nutricionais a partir das rodas de conversa, dos vídeos, o reconhecimento dos alimentos, pirâmide alimentar e os riscos de uma alimentação inadequada. Além disso, a disponibilização e entrega aos pais de alguns materiais informativos como uma cartilha com informações a respeito do assunto, para que possam pôr em prática com os filhos em casa. As principais conclusões são de que a vivência e a construção participativa se mostram muito importantes para a sensibilização sobre alimentos desde a infância e contribuem assim para a formação de hábitos mais saudáveis e sustentáveis para a nova geração, prevenindo o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis, associadas também a obesidade.

REFERÊNCIAS:
Ministério da Saúde. Obesidade Infantil traz riscos para a Saúde Humana. 2019. Disponível em: <https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/45494-obesidade-infantil-traz-riscos-para-a-saude-adulta> Acesso em: setembro 2019
Fernandes, B.S.; Carvalho, E.A.A.; Andrade, R.G.; Simão, M.T.J.; Fonseca, M.C.; Silva, A.F. Orientação Nutricional Infantil. 2013. Disponível em: <http://ftp.medicina.ufmg.br/ped/Arquivos/2013/Alimentacao_ObservaPED.pdf> Acesso em: setembro 2019.

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COMENTÁRIOS
Foto do Usuário Luana Araújo Floriano 09-02-2021 09:50:35

Trabalho muito bem escrito e com alta relevância social. Parabéns! As dinâmicas foram muito bem planejadas e adaptadas para atingir seu público-alvo. Como sugestão, acredito que seria interessante uma ampliação desse estudo voltada, por exemplo, para o público adolescente, já que é muito comum que que essa população apresente hábitos alimentares irregulares também. Como questionamento, deixo a seguinte pergunta: Vocês acreditam que todas as escolas (públicas e privadas) possuem o mesmo cuidado e estimulam da mesma forma uma alimentação saudável entre os seus alunos?

Foto do Usuário Jeilson De Oliveira Moisés 09-02-2021 09:50:35

Achei um tema bem atual, texto bem coerente e de fácil entendimento.

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