_ Primeiramente, parabenizo aos autores por explorarem o tema Contabilidade de Custos no contexto dos ERP. Além disso, saliento que o desenvolvimento de um estudo de caso parece ser a melhor alternativa nesse sentido, por permitir uma melhor contextualização dos achados. A seguir, apresento algumas considerações e sugestões para o trabalho, que julgo serem passíveis de avaliação para o seu aprimoramento: (a) creio que algumas afirmações genéricas como “a tecnologia caracteriza-se como sendo indispensável” (p. 1) devem ser evitadas, considerando que podem ser apresentados, sem muita dificuldade, contraexemplos na pesquisa empírica; (b) há alguns erros gramaticais, que exigem revisão ao longo do texto; (c) ao se abordar o custeio variável, sugiro citar o fenômeno do sticky costs e, ao descrever o ABC, recomendo citar o TDABC, sendo ambas as citações complementos, para descrever desenvolvimentos em custos relacionado aos referidos tópicos neste século; (d) a discussão sobre o ERP na literatura apresentada é pouco crítica, destacando principalmente os benefícios de tais sistemas; (e) a caracterização da pesquisa como estudo de caso não parece tão aderente aos parâmetros clássicos de Yin (2005), sugere-se revisão; (f) ainda na parte metodológica, não ficou claro se foi feita apenas uma entrevista, nem se como a análise de conteúdo (BARDIN, 2011) foi desenvolvida; (g) a apresentação dos resultados está pouco desenvolvida, confundindo-se com o relato do entrevistado apenas; (h) há poucas referências relacionadas a periódicos e predominância de livros-texto, recomenda-se uma preferência de pesquisas mais recentes publicadas naqueles.
_ Diante do exposto, seguem questões que recomendo para a reflexão dos autores: No texto, afirma-se que para “uma a empresa que, há 12 anos consecutivos, figura no ranking das melhores instituições de gestão de investimentos, é inadmissível ficar tão defasada no mercado financeiro”, porém, aparentemente, a empresa está conseguindo se manter com uma vantagem competitiva no mercado apesar dessa defasagem; assim, seria realmente estratégico o papel da Contabilidade de Custos para a mesma? Ademais, o custeio por absorção, abordado no caso, é usualmente empregado para divulgação de informações a usuários externos, sendo discutível seu suporte na tomada de decisão de usuários internos; desse modo, por que esperar que esse método poderia ser a referência para a empresa?
_ Algumas referências recomendadas:
Anderson, M. C., Banker, R. J., & Janakiraman, S. N. (2003). Are selling, general, and administrative cost “sticky”?. Journal of Accounting Research, 41(1), 47-63.
Cohen, S., & Kaimenaki, E. (2011). Cost accounting systems structure and information quality properties: an empirical analysis. Journal of Applied Accounting Research, 12(1), 5-25.
Kaplan, R. S., & Anderson, S. R. (2003). Time-driven activity-based costing. Recuperado em 17 de fevereiro, 2019, de: https://papers.ssrn.com/sol3/papers.cfm?abstract_id=485443.
Pizzini, M. J. (2006). The relation between cost-system design, managers’ evaluations of the relevance and usefulness of cost data, and financial performance: an empirical study of US hospitals. Accounting, Organizations and Society, 31(2), 179-210.
Yin, R. K. (2005) Estudo de caso: planejamento e métodos (3ª ed). Porto Alegre: Bookman.