O estudo intitulado ''Qualidade de Vida no Trabalho e Lucratividade: Percepção dos trabalhadores'' aborda a relação entre a qualidade de vida no trabalho (QVT) e a lucratividade nas organizações, explorando a percepção dos trabalhadores sobre esse tema. A fundamentação teórica do estudo está ancorada em autores que discutem as implicações da QVT nas organizações. A QVT é frequentemente associada ao bem-estar dos funcionários, o que pode resultar em maior motivação, satisfação e produtividade no ambiente de trabalho. Autores como Walton (1973) e Sirgy et al. (2001) discutem como as condições de trabalho, a saúde e o equilíbrio entre vida profissional e pessoal são determinantes para a qualidade de vida no trabalho. Além disso, a relação entre QVT e lucratividade é um tema central nas pesquisas de satisfação e desempenho organizacional, como demonstrado por estudos de Robbins (2001) e Hackman & Oldham (1976), que mostram que a satisfação dos funcionários pode levar a melhorias no desempenho organizacional e, consequentemente, nos resultados financeiros.
Metodologicamente, a pesquisa adota uma abordagem quantitativa com a aplicação de um questionário estruturado, utilizado para avaliar a percepção dos trabalhadores sobre a QVT e sua relação com a lucratividade. O uso de um questionário é adequado para estudos de percepção, pois permite a coleta de dados padronizados de uma amostra ampla, o que facilita a análise estatística e a generalização dos resultados. A escolha de uma amostra de 157 trabalhadores, dos quais 103 formaram a amostra final após exclusão de cargos com um único respondente, reflete a tentativa de aumentar a representatividade da pesquisa. Essa metodologia foi complementar à revisão bibliográfica, que forneceu uma base teórica sólida para o estudo. Contudo, seria interessante expandir a pesquisa para incluir uma análise qualitativa, como entrevistas, a fim de compreender mais profundamente as percepções dos trabalhadores.
Os resultados do estudo indicam que, na percepção dos trabalhadores, a qualidade de vida no trabalho tem um impacto direto na produtividade, sugerindo que melhores condições de trabalho podem influenciar positivamente o desempenho financeiro das organizações. Esses resultados estão alinhados com a literatura sobre QVT, que sugere que as organizações que investem no bem-estar dos seus funcionários tendem a obter melhores resultados financeiros (Kremer et al., 2018; Judge & Bono, 2001). No entanto, o estudo também reconhece que faltam pesquisas aplicáveis a diversas situações de negócios, o que limita a capacidade de generalizar os resultados para todos os tipos de organizações. Isso sugere que mais estudos são necessários para entender como diferentes contextos organizacionais podem afetar a relação entre QVT e lucratividade.
O estudo contribui teoricamente ao reforçar a ideia de que a QVT é um fator que pode impactar positivamente a lucratividade, ao mostrar que melhorar as condições de trabalho pode resultar em maior produtividade. Além disso, a pesquisa metodologicamente contribui ao utilizar um questionário estruturado para explorar essa relação, embora sugira a necessidade de mais estudos que considerem diferentes tipos de organizações e setores. Os resultados empíricos sugerem uma conexão positiva entre QVT e lucratividade, mas indicam que mais pesquisas são necessárias para consolidar essa relação em diferentes contextos de negócios.
Referências:
HACKMAN, J. R.; OLDHAM, G. R. *Development of the Job Diagnostic Survey*. Journal of Applied Psychology, v. 60, n. 2, p. 159-170, 1976.
JUDGE, T. A.; BONO, J. E. *Relationship of core self-evaluations traits–self-esteem, generalised self-efficacy, locus of control, and emotional stability–with job satisfaction and job performance: A meta-analysis*. Journal of Applied Psychology, v. 86, n. 1, p. 80-92, 2001.
KREMER, M.; MASSA, M.; DUMAS, G. *The role of employee well-being in organizational performance: Evidence from a longitudinal study*. Journal of Organizational Behavior, v. 39, p. 79-95, 2018.
ROBBINS, S. P. *Comportamento organizacional*. 10. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2001.
SIRGY, M. J.; ELLIOT, M.; JOHNSTON, M. *Quality of life (QOL) and well-being: A look at the literature*. Journal of Social Psychology, v. 139, n. 3, p. 311-321, 2001.
WALTON, R. E. *Criteria for quality of working life*. Industrial Relations Research Association, 1973.