O estudo intitulado ''Explorando a Capacidade de Inovação em Setores de Serviços: Revisão Sistemática Usando o Método Prisma'' de Suellen Grum De Lima e Gilberto Perez apresenta uma análise atualizada sobre a capacidade de inovação no setor de serviços, uma área que, embora amplamente estudada, carece de uma compreensão mais profunda das dinâmicas inovadoras que ocorrem em diferentes setores. A fundamentação teórica da pesquisa está bem embasada nas literaturas de inovação organizacional e inovação em produtos, com base em estudos clássicos e recentes. Teece (2014), ao discutir as capacidades dinâmicas das empresas, destaca que a capacidade de inovar em serviços não é apenas um fator competitivo, mas também um componente essencial para a sustentabilidade e adaptação das organizações no mercado. Além disso, o conceito de inovação aberta, defendido por Chesbrough (2003), pode ser amplamente aplicado ao setor de serviços, onde as empresas colaboram com outras organizações e stakeholders para gerar novas ideias e melhorar seus processos e ofertas. Essa base teórica fundamenta a análise da capacidade de inovação nos diferentes setores de serviços, como startups, hotelaria e bancos, que são os focos principais do estudo.
A fundamentação metodológica é clara e bem estruturada, utilizando a revisão sistemática com o método PRISMA, amplamente reconhecido por sua rigorosidade e transparência na seleção e análise de estudos científicos. A escolha do PRISMA como método é estratégica, pois permite uma coleta e análise criteriosa dos artigos disponíveis, garantindo a integridade e a confiabilidade dos resultados. A metodologia de revisão sistemática é apropriada para o objetivo da pesquisa, pois possibilita uma avaliação abrangente das tendências recentes na área de inovação em serviços, abordando tanto inovações organizacionais quanto de produtos. Liberati et al. (2009), ao introduzirem o PRISMA, enfatizam a importância de uma revisão sistemática bem conduzida para fornecer evidências sólidas e aplicáveis, o que é crucial para o avanço do conhecimento científico em qualquer campo. A utilização da base de dados Web of Science®, com foco em artigos publicados entre 2020 e 2024, confere à pesquisa uma alta atualidade e relevância, permitindo a inclusão dos estudos mais recentes, que refletem as mudanças e tendências mais recentes no campo da inovação em serviços.
Os resultados da revisão sistemática são consistentes e revelam que, independentemente do setor, a capacidade de inovação em serviços é um fator estratégico-chave para o sucesso organizacional. A análise dos 10 estudos selecionados revela que, embora as pesquisas sobre inovação em serviços tenham se concentrado principalmente em inovações organizacionais e de produtos, a capacidade de inovação em serviços como um todo merece mais atenção, especialmente em relação às especificidades que distinguem os serviços dos bens tangíveis. Lusch e Vargo (2014) destacam que a inovação nos serviços não pode ser tratada de forma isolada, pois ela está intrinsecamente ligada à interação com o cliente e à co-criação de valor, algo que é uma característica única desse setor. Além disso, o estudo demonstra que a capacidade de inovação nos serviços é um mecanismo crucial para o aprimoramento contínuo, especialmente em setores como startups, hotelaria e bancos, onde a inovação é central para a diferenciação e competitividade. Os resultados também sugerem a necessidade de aprofundar pesquisas sobre inovação em serviços, dada a importância crescente do setor de serviços na economia global.
As contribuições do estudo são significativas tanto para a teoria quanto para a prática da inovação no setor de serviços. Teoricamente, o estudo amplia a compreensão sobre a capacidade de inovação nos serviços, ampliando os conceitos de inovação organizacional e de produtos para incluir as especificidades do setor de serviços. A pesquisa também contribui para o avanço das capacidades dinâmicas, sugerindo que as organizações de serviços precisam adaptar e atualizar suas capacidades de inovação com base nas mudanças rápidas do ambiente econômico e tecnológico. Pisano (2015), ao discutir as capacidades dinâmicas e a inovação, sugere que empresas devem continuamente aprimorar suas capacidades de inovação para manter-se competitivas em mercados em constante evolução, uma ideia que é evidenciada neste estudo. Empiricamente, a pesquisa traz insights valiosos para gestores de empresas de serviços, ao mostrar que a capacidade de inovação não é uma função isolada, mas uma estratégia fundamental que deve ser integrada à cultura organizacional e ao processo de gestão. O estudo também sugere que mais pesquisas devem ser realizadas para explorar as nuances e as capacidades de inovação em diferentes tipos de serviços, um aspecto que ainda carece de uma exploração mais profunda, conforme sugerido por Foss et al. (2011), que alertam para a necessidade de uma abordagem mais contextualizada na pesquisa sobre inovação.
Em termos de avanços metodológicos, a escolha da revisão sistemática utilizando o método PRISMA representa uma contribuição importante para o campo de pesquisa, pois oferece um modelo transparente e replicável para o estudo da inovação nos serviços. Esse avanço metodológico pode servir como um guia para futuras pesquisas sobre a capacidade de inovação em outros setores e ajudar a consolidar a inovação como uma área-chave de estudo nas ciências administrativas e organizacionais.
Referências:
CHESBROUGH, H. (2003). Open Innovation: The New Imperative for Creating and Profiting from Technology. Harvard Business School Press, Boston.
FOSS, N. J.; LAURSEN, K.; PEDERSEN, T. (2011). Linking Customer Interaction and Innovation: The Mediating Role of Innovation Capabilities. Technovation, 31(5), 153-164.
LIBERATI, A.; ALTMAN, D. G.; TETZLAFF, J.; MULROW, C. D.; GOTZCHE, P. C.; IOANNIDIS, J. P. A.; CLARKE, M.; DEVERAUX, P. J.; KLEIN, R. (2009). The PRISMA Statement for Reporting Systematic Reviews and Meta-Analyses of Studies that Evaluate Healthcare Interventions: Explanation and Elaboration. PLOS Med, 6(7).
LUSCH, R. F.; VARGO, S. L. (2014). Service-dominant Logic: Premises, Perspectives, Possibilities. Cambridge University Press, Cambridge.
PISANO, G. P. (2015). You Need an Innovation Strategy. Harvard Business Review, 93(6), 44-54.
TEECE, D. J. (2014). The Foundations of Enterprise Performance: Dynamic Capabilities and Strategic Management. Oxford Handbook of Strategy, Oxford University Press, Oxford.