A fundamentação teórica do artigo ''Clima Organizacional: Um Estudo das Características de Gestão de Pessoas em uma Cooperativa de Crédito'' é relevante e bem estruturada, ao abordar a relação entre clima organizacional, gestão de pessoas e bem-estar no trabalho. O foco em cooperativas de crédito é pertinente, dado o papel dessas organizações na promoção do desenvolvimento econômico local. A ênfase na percepção dos colaboradores dialoga com a literatura sobre clima organizacional, como apontado por Schneider et al. (2013), que destacam a importância do alinhamento entre cultura organizacional e práticas de gestão para promover um ambiente de trabalho positivo. No entanto, o artigo poderia enriquecer sua fundamentação ao explorar teorias contemporâneas sobre bem-estar no trabalho, como o modelo PERMA de Seligman (2011), que integra elementos como engajamento, significado e relacionamentos positivos.
A fundamentação metodológica, caracterizada por uma abordagem quali-quantitativa com uso de survey, é apropriada para os objetivos do estudo. A aplicação de questionários via Google Forms oferece acessibilidade e eficiência na coleta de dados, especialmente em contextos amplos como o de cooperativas de crédito. No entanto, o artigo poderia detalhar mais sobre a construção do instrumento de pesquisa, como a validação e confiabilidade das escalas utilizadas, seguindo boas práticas metodológicas descritas por Hair et al. (2019). Além disso, seria interessante incluir uma análise mais aprofundada, como a aplicação de testes estatísticos inferenciais, para verificar diferenças significativas nas percepções dos colaboradores.
Os resultados e conclusões do estudo são significativos, ao destacar a baixa rotatividade de pessoal e a percepção positiva das condições de trabalho, enquanto apontam desafios no equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Esses achados corroboram estudos como os de Bakker e Demerouti (2017), que enfatizam o papel do equilíbrio trabalho-vida no bem-estar organizacional e na retenção de talentos. A identificação da flexibilização de carga horária como fator motivacional é consistente com tendências recentes em gestão de pessoas, que buscam maior personalização nas condições de trabalho, como discutido por Kossek et al. (2020). Contudo, o artigo poderia explorar mais as implicações desses resultados para a formulação de estratégias específicas de melhoria, como políticas voltadas ao aumento da qualidade de vida no trabalho.
Os avanços teóricos, metodológicos e empíricos do artigo incluem a integração de dados qualitativos e quantitativos para compreender as percepções dos colaboradores sobre o clima organizacional em um contexto específico de cooperativas de crédito. Essa abordagem contribui para a literatura ao destacar o papel da gestão de pessoas em organizações de natureza cooperativa, um tema que ainda carece de maior investigação. Para maximizar o impacto do trabalho, seria interessante propor recomendações práticas baseadas nos resultados, alinhando-se a frameworks contemporâneos, como o modelo Job Demands-Resources (JD-R) de Bakker e Demerouti (2017), que poderiam orientar ações voltadas à melhoria do clima organizacional e do bem-estar.
### Referências
BAKKER, Arnold B.; DEMEROUTI, Evangelia. Job demands–resources theory: Taking stock and looking forward. *Journal of Occupational Health Psychology*, v. 22, n. 3, p. 273–285, 2017. Washington.
HAIR, Joseph F.; BLACK, William C.; BABIN, Barry J.; ANDERSON, Rolph E. *Multivariate Data Analysis*. 8. ed. Cengage Learning, 2019. London.
KOSSEK, Ellen Ernst; MEURER, Jacobine; PETERS, Pascale; DUNN-JENSEN, Linda. Work-life flexibility: Protecting and enhancing the psychological resources of workers. *Human Resource Management Review*, v. 30, n. 1, p. 100-234, 2020. Amsterdam.
SCHNEIDER, Benjamin; GONZALEZ-ROMA, Vicente; OSTROFF, Cheri; WEST, Michael A. Organizational climate and culture: Reflections on the history of the constructs in the Journal of Applied Psychology. *Journal of Applied Psychology*, v. 98, n. 3, p. 468-490, 2013. Washington.
SELIGMAN, Martin E.P. *Flourish: A visionary new understanding of happiness and well-being.* Free Press, 2011. New York.