Indicadores Financeiros dos Clubes de Futebol da Série A do Campeonato Brasileiro Durante o Período de Pandemia de COVID-19

DOCUMENTAÇÃO

Tema: Contabilidade

Temas Correlatos: Contabilidade;

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AUTORIA

Dalilla Alves Colombo , Vitor Hideo Nasu

ABSTRACT
A pandemia de COVID-19 trouxe múltiplos desafios. Particularmente no caso do
futebol, houve adiamento ou cancelamento das atividades futebolísticas por parte da Federation Internationale de Football Association (FIFA) e de seus membros associados (Reis et al., 2021). O calendário de diversos campeonatos em torno do mundo sofreu postergações até a retomada dos jogos. Enquanto isto, os estádios de futebol começaram a ficar ociosos e, inclusive, a servirem a diferentes propósitos. Reis et al. (2021), por exemplo, observam que os estádios foram utilizados, durante a pandemia de COVID-19, como hospitais de campanha, abrigos, centros de isolamento, depósitos de mantimentos e pontos de atendimento de diagnóstico. Além disso, a pandemia afetou não somente o uso de estruturas físicas, mas também a motivação de jogadores (Martinez, 2021).
Outro fator relevante em se tratando dos clubes de futebol está ligado à parte financeira. Com a paralisação das atividades futebolísticas, a gestão financeira dos clubes
ganhou maior foco em tempos de crise sanitária. No Brasil, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) cessou as atividades associadas à Copa do Brasil e, tampouco, começou o
Campeonato Brasileiro de 2020 (Reis et al., 2021). Da mesma forma, os campeonatos estaduais em andamento tiveram que ser interrompidos em virtude da pandemia. Este cenário atípico motivou intensas discussões sobre salários, demissões, protocolos de saúde, jogos sem público, adaptação do calendário esportivo etc., encorajando o estudo de formas de apoio financeiro aos clubes. Reis et al. (2021) citam algumas: isenção das taxas de registros e transferências; R$ 19 milhões a serem distribuídos entre os clubes da Série C e D, do Campeonato Brasileiro Feminino A1 e A2 e das federações estaduais; e abertura de linha de crédito de R$100 milhões para os clubes da Série A e B.
A condução de estudos recentes sobre a gestão dos clubes durante a pandemia de
COVID-19 denota um aumento de interesse acadêmico neste tópico (ex.: Masiero et al., 2022; Maske et al., 2022), especialmente para entender como os clubes de futebol permaneceriam competitivos durante e após a pandemia. Masiero et al. (2022), por exemplo, investigaram os meios pelos quais os clubes de futebol buscaram equilibrar o seu resultado financeiro durante a pandemia. De forma geral, os resultados sustentam que os clubes reduziram os salários de seus jogadores e de outros funcionários. O Atlético-MG, por exemplo, reduziu a folha salarial em 25% e demitiu 248 funcionários, prática que rendeu um resultado superavitário ao clube.
O São Paulo reduziu os salários dos jogadores pela metade e dos funcionários em 25%, diminuindo a situação que já era deficitária.
Com a redução de mortes e menor disseminação da COVID-19, as atividades futebolísticas começaram a voltar de forma gradual. Ainda assim, os jogos aconteciam sem audiência. Reis et al. (2021) indicam que os estádios tinham alguns recursos para simular uma plateia, tais como bonecas infláveis em estádios da Coreia do Sul, torcedores virtuais ao vivo que apareciam nos telões, lonas nas arquibancadas para servir como marketing e propaganda, sistemas de som cânticos de torcidas e vaias contra o adversário, dentre outros. Sem a receita advinda de ingressos das partidas, os clubes se encontravam em situação financeira ainda mais desafiadora. Diante destas considerações, o presente estudo teve como objetivo analisar os indicadores financeiros dos clubes da série A do Campeonato Brasileiro no período de pandemia de COVID-19 (2020-2021). Mais especificamente, foram calculados e analisados os indicadores de liquidez, endividamento e rentabilidade.
Consistentemente com o objetivo da pesquisa, utilizou-se a pesquisa de arquivo
(archival research), a qual corresponde à pesquisa que tem como fontes de dados documentos históricos, textos, artigos, relatórios anuais de empresas, divulgação corporativa e outros tipos de arquivos (Smith, 2015). Ademais, os dados coletados são secundários, os quais, de acordo com Smith (2015), representam informações que foram disponibilizadas por terceiros, tais
como aquelas constantes em relatórios corporativos. Desta forma, para a realização da presente pesquisa, houve acesso e coleta de dados a partir das demonstrações contábeis dos clubes de futebol. Nesta pesquisa, foram considerados os 20 clubes da Série A do ano de 2022.
Como conclusão, observa-se que a liquidez dos clubes de futebol da Série A durante a pandemia de COVID-19 (2020 e 2021) aumentou, possivelmente por conta da linha de crédito e de outras maneiras de gerar caixa (Reis et al., 2021). O endividamento de curto prazo reduziu, mas ainda está em um nível preocupante, visto que o Passivo é maior do que o Ativo Total. E a rentabilidade carece de melhorias, dadas as necessidades financeiras dos clubes observadas em seu Passivo, especialmente em relação aos circulantes. Contudo, é compreensível que a sua rentabilidade estivesse reduzida, já que a pandemia restringiu as fontes e a magnitude de receita dos clubes de modo substancial.

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