ABSTRACT

Paralelamente à tendência mundial de aumento do tempo inativo, diversos estudos vêm demonstrando o importante papel do aconselhamento sobre estilo de vida saudável, sobretudo da prática de atividade física regular como forma de mitigar esse impacto. Porém, a efetividade das intervenções de promoção da saúde é diretamente afetada pela adesão dos participantes às mudanças de comportamento prescritas. Infelizmente, a baixa adesão aos comportamentos recomendados é generalizada, sobretudo em longo prazo. Dessa forma, esse estudo tem por objetivo descrever técnicas de mudança de comportamento, com ênfase na adesão à atividade física, reportadas em publicações científicas recentes e testadas na prática das intervenções em mudança de estilo de vida. O estudo também propõe um guia de aplicação prática dessas técnicas, de acordo com o grau de familiaridade com a atividade física e estágios de comportamento. Para sua análise foram pesquisados trabalhos nas bases de dados Web of Science e Research Gate. A curadoria de artigos foi realizada através de buscas específicas pelos termos exercise, behavior change techniques, physical activity, physical exercise e mindfulness, concentrando a seleção em estudos publicados de 2007 a 2022. Os estudos analisados revelaram que, independentemente das teorias comportamentais selecionadas para embasar as intervenções, técnicas de mudança de comportamento empregadas mostram-se bastante similares. A análise revelou também que o estágio em que o indivíduo se encontra em relação ao comportamento a ser modificado é determinante para a seleção e a eficácia da técnica a ser aplicada. As técnicas que tiveram maiores êxitos com indivíduos em estágios iniciais de mudança de estilo de vida foram os cuidados estendidos, o estímulo à autorreflexão e autoaceitação, como forma de fortalecer o indivíduo para a mudança e as abordagens lúdicas para passar conhecimento e conteúdo relacionados à saúde. Adicionalmente, iniciantes devem receber incentivo para pequenas experimentações. Em relação aos indivíduos nos estágios de ação e manutenção, as técnicas que apresentaram melhores resultados foram os cuidados estendidos e ações práticas voltadas ao comportamento alvo para fortalecer a autoeficácia, incentivar a autonomia a fim de criar oportunidades, driblar desafios e exercitar a disciplina, além de buscar motivação e resiliência.
Não há consenso sobre o número ideal de técnicas ou intervenções. A escolha depende do perfil do indivíduo, comportamento alvo e teoria subjacente. Despertar o interesse na mudança é desafiador, seja na pré-contemplação ou intenção. Técnicas que estimulam o desejo pela mudança e conscientização são essenciais.
Enfrentar desafios globais de saúde requer intervenções eficazes de mudança de comportamento, fundamentadas em relatórios precisos de intervenção. Um levantamento como este, que valida cientificamente técnicas de mudança de comportamento, pode informar a prática clínica. Estudos futuros devem explorar a taxonomia e classificação das técnicas para facilitar sua aplicação prática.