E quando um funeral invade a sessão? Apontamentos sobre o recorte clínico de uma sessão de psicoterapia infantil

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Tema: Pandemia, perdas, luto

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AUTORIA

Raquele Aparecida Da Costa Vilalta

ABSTRACT
A experiência do luto assume intensidades, manifestações e representações variadas a depender do contexto ocorrido, dos recursos psíquicos do sujeito e de amparo ambiental com o qual se pode contar, além da vida pregressa à experiência do enlutado. Este processo assume uma especificidade quando o enlutado é a criança, uma vez que estamos tratando de um sujeito altamente dependente da dinâmica psíquica de suas figuras parentais e de interferências ambientais na sua constituição psíquica. Para a continuidade da experiência de integração de um self central é necessário uma constância e previsibilidade ambiental suficientes. Neste sentido, a perda do objeto (morte de um ente, por exemplo) pode desencadear a experiência inversa, a descontinuidade da experiência de ser (self).               
A complexidade de sobreposições processuais do luto se revela no decorrer de um processo analítico infantil, relativos ao  desenvolvimento emocional da criança e aspectos do funcionamento familiar.  As sessões de psicoterapia infantil são atravessadas por brincadeiras e jogos, maneira em que a criança estabelece sua comunicação com o outro (o adulto) e pode, inclusive, se apropriar de seus conteúdos pessoais. Pretendo discutir neste trabalho um recorte clínico de uma criança de nove anos que, ao brincar de funeral e crematório, manifesta em sessão de psicoterapia a temática da perda de sua irmã de seis anos devido ao agravamento de sua condição física por conta de uma síndrome,  tendo a presença da analista como sustentação para a manifestação de tais conteúdos, usufruindo da sessão enquanto possibilidade de espaço potencial, conceito referenciado na teoria winnicottiana. 
Procurarei me embasar para a apresentação do recorte, portanto, nos pressupostos da teoria do desenvolvimento emocional desenvolvida pelo psicanalista inglês D.W.Winnicott, colocando luz nos conceitos de espaço potencial, holding, handling, além de discutir brevemente algumas noções teóricas acerca do luto infantil. Ainda que se trate de uma experiência de luto que não está diretamente relacionada ao período pandêmico, a relevância de tal temática se justifica uma vez que a morte de pessoas próximas é realidade na experiência de vida de inúmeras crianças.

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