O instrumento APEGI e suas contribuições para a despatologização da infância

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Tema: Corpo, dor, silêncio

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AUTORIA

Larissa J. R. Paula Cagnani

ABSTRACT
O termo pathos significa sentimento, sofrimento, no entanto, quando utilizado com qualquer outra palavra, se tornou um radical que imputa a ideia de doença. Atualmente, nos deparamos com uma verdadeira epidemia diagnóstica, os fenômenos que fazem parte da vida, como a menopausa, morte, nascimento, inquietação, distração infantil, são medicalizados e patologizados. O pathos é inerente ao ser humano, está ligado ao modo afetivo que cada indivíduo constrói para estar no mundo. Contudo, com a expansão da medicalização, passa-se da prática de cura e tratamento ao controle da vida. O diagnóstico e sua consequente medicalização calam as singularidades subjetivas e promovem uma desresponsabilização dos sujeitos envolvidos, pois o problema passa a ser de ordem cerebral e exclui o sujeito do laço social. Diante disso, levantamos a hipótese de que o APEGI (Acompanhamento de crianças em Escolas, Grupos e Instituições), construído com base na teoria psicanalítica, é um importante instrumento que vai na contramão da patologização da infância, uma vez que este promove uma leitura do processo de constituição subjetiva, articulado ao desenvolvimento da criança, assim como oferece diretrizes para o acompanhamento que procura levar o sujeito a dizer de si e assumir uma posição desejante. Neste trabalho, discutiremos o uso do APEGI em dois casos de crianças que apresentaram alguns sintomas clínicos e dificuldades de adaptação ao contexto escolar, após o período de isolamento em decorrência da pandemia. Vale ressaltar que a equivocada hipótese de que as crianças poderiam estar dentro do transtorno do espectro autista havia sido mencionada para as duas famílias. A primeira aplicação do APEGI se deu no início do acompanhamento e este instrumento analisou que as duas crianças apresentavam problemas de desenvolvimento e uma delas estava vivendo entraves estruturais em sua constituição subjetiva. O acompanhamento se deu através de um grupo de crianças na escola e diálogo com as professoras. Após dez meses de acompanhamento, foi realizada nova aplicação do APEGI e ambas crianças haviam superado os problemas de desenvolvimento, assim como o entrave estrutural pôde ser revertido. Nesse sentido, consideramos que o APEGI, enquanto instrumento de acompanhamento, não cede lugar ao diagnóstico, ele contribui para a promoção da saúde mental na infância e sustenta a intervenção a tempo, considerando a subjetividade e a infância como etapa de inscrição das operações psíquicas.

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