Medicalização da vida e sua incidência sobre a infância

DOCUMENTAÇÃO

Tema: Políticas para as infâncias

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AUTORIA

Fernanda Lopes Bonfim

ABSTRACT
        O presente trabalho tem por objetivo apresentar um estudo sobre a medicalização e sua incidência sobre a infância. Partindo do conceito de medicalização, é feita uma revisão histórica sobre a sua incidência na família brasileira a partir do século XIX e como este processo teve como foco principal a criação da criança. O cuidado com a infância, neste momento, ultrapassou a escola e a família, tendo dele se apropriado o discurso médico. 
       Na primeira metade do século XX, surge o movimento de higiene mental, cujo foco era a detecção precoce dos problemas mentais, em particular na infância, para além das paredes do asilo. Este movimento no Brasil sofreu forte influência da Psicanálise.
      A Reforma Psiquiátrica mudou o paradigma de atendimento às crianças em sofrimento psíquico. Os CAPS infanto-juvenis têm seus pilares fundamentais na suposição de sujeito e sua singularidade, na transferência e no brincar, colocando-se assim em notória oposição à nosografia psiquiátrica, às terapias cognitivo-comportamentais e, consequentemente, à medicalização. E, a partir da experiência da autora em um CAPS Infantil da cidade de São Paulo, mostrar que é possível, no serviço público, oferecer às crianças com problemas no desenvolvimento um atendimento que favoreça a sua estruturação psíquica, como preconizado pela Reforma Psiquiátrica. 
      No entanto, o capitalismo necessita não de sujeitos desejantes e criativos, mas apenas direcioná-los a um único fim, o consumo. A ideologia legitimadora da barbárie moderna, nas suas formas ''científicas'' e ''biológicas'', favorece o recrudescimento da medicalização. Após o golpe de 2016, que depôs o governo Dilma Rousseff, os ataques à Reforma Psiquiátrica e ao modelo CAPS tornaram-se virulentos. Apesar de não terem obtido sucesso na extinção desses equipamentos, fazem-no de forma insidiosa, terceirizando e sucateando os serviços. 
      A medicina atua como o elemento organizador de uma estrutura maior - o complexo industrial medicina - indústria farmacêutica - indústria hospitalar - ,que, por sua vez, é subsidiário da estrutura político-social capitalista, de orientação mercantilista, e, portanto, visa operar com lucros cada vez maiores, vendendo padrões de vida e patologizando tudo que não os corresponda.

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