Singularidades da constituição subjetiva da criança surda

DOCUMENTAÇÃO

Tema: Tempo

Acessos neste artigo: 129


Certificado de Publicação:
Não disponível
Certificado de Participação:
Não disponível

COMPARTILHE ESTE TRABALHO

AUTORIA

Lilian Cristine Ribeiro Nascimento

ABSTRACT
Este trabalho tem como objetivo descrever algumas singularidades da constituição subjetiva da criança surda filha de pais ouvintes. Uma vez que a criança tem pouco acesso à língua dos pais, em muitos casos há uma relação familiar com alguns embargos na comunicação. A integração do bebê exige maior esforço, uma vez que se dá apenas pelo olhar, pelo toque, pela expressão facial (SOLÉ, 2005). A voz da mãe organizadora das pulsões do bebê (LASNIK, 2013) pode não ter nenhum efeito, uma vez que a criança não ouve. Dificuldades em introduzir a criança na Lei levam a uma maior e mais extenso desordenamento pulsional, quando comparadas à maioria das crianças ouvintes. O nome da criança escolhido pelos pais pode não ser reconhecido por ela; a maioria dos surdos não sabe o próprio nome até que entrem na escola (DALCIN, 2009). Todas essas diferenças promovem modos singulares de entrada da criança no simbólico, que, muitas vezes, é realizada por terceiros, nas escolas, fora do seio familiar. Embora haja uma comunicação entre os pais e a criança realizada através de gestos inventados na família, os denominados sinais caseiros (ADRIANO, 2010), essa comunicação é insuficiente para a criança dizer-se, para simbolizar seus desejos, o que provoca inquietude e um sofrimento para os pais e a própria criança. A inserção na língua de sinais tem sido relatada como uma escolha que possibilita às crianças a entrada em uma língua significativa, que permite a comunicação com a família, mas mais do que isso, permite a simbolização dos desejos, se desdobrando em uma organização pulsional da criança e um resgate narcísico dos pais em relação a ela. 
A pesquisa que apresento trata destas questões a partir das mãozinhas das próprias crianças surdas (aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Ciências Humanas, da Universidade Estadual de Campinas, sob o número: 49283721.2.0000.8142). Ao desenhar e sinalizar em um diálogo com a pesquisadora sobre suas famílias, seis crianças surdas de uma escola bilíngue de Campinas, narraram aspectos muito singulares de sua subjetividade. Esses aspectos se destacam em 3 pontos: como se autodenominam. como se compreendem na relação com a família e como compreendem a surdez. Ao se identificarem em seu próprio desenho algumas crianças se autodenominam usando o próprio sinal (aquele com o qual foram batizadas na comunidade surda) e outras usando com o pronome eu. Ao narrarem sobre a família revelam uma positividade em relação a significação da surdez, caracterizando-a como o ''uso da Libras'' e não como uma privação sensorial. O trabalho, portanto, pretende descrever os modos como as crianças surdas falam de si, da família e da própria surdez. 

Para participar do debate deste artigo, .


COMENTÁRIOS

Utilizamos cookies essenciais para o funcionamento do site de acordo com a nossa Política de Privacidade e, ao continuar navegando, você concorda com estas condições.