Título: “A caixa vai e vem, o vínculo vem e fica - apontamentos sobre a sobrevivência do vínculo psicanalítico com a criança e a continuidade do existir”

DOCUMENTAÇÃO

Tema: Pandemia, perdas, luto

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AUTORIA

Raquele Aparecida Da Costa Vilalta

ABSTRACT
O presente trabalho discute sobre um recorte do atendimento de uma criança de 05 anos, o tema do vínculo terapêutico sobrevivente do isolamento físico e da recusa da criança pelo atendimento virtual durante o período da pandemia de SARS-Covid. No primeiro trimestre do isolamento físico decretado no estado de São Paulo, os atendimentos presenciais foram suspensos, com respectiva migração para os dispositivos virtuais como recurso emergencial visando a continuidade do trabalho. Porém, esta condição foi rechaçada de antemão após uma primeira tentativa no atendimento infantil. Recorrendo às teorizações de D.W. Winnicott em busca de recursos teóricos para fundamentar a condução terapêutica frente a este impasse, uma vez que a criança solicitava contato com a terapeuta na condição de que não ocorresse virtualmente (online) e os atendimentos presenciais estavam suspensos, a terapeuta montou uma caixa lúdica, de tamanho médio, com alguns materiais que remetessem ao espaço do consultório e experiências já vivenciadas na relação terapêutica. Esta caixa era retirada por um profissional motociclista na residência da terapeuta e levada até a residência da criança, onde era recebida pela figura materna - a responsável por construir esta ponte entre terapeuta-caixa-paciente. O paciente fazia uso da caixa e seus materiais e, em comunicação escrita, o diálogo era estabelecido. A caixa então era lacrada, entregue ao motociclista em outro dia da semana, sendo assim reconduzida à residência da terapeuta, sustentando o vínculo e , por conseguinte, a continuidade da existência, fundamental neste período de abrupta interrupção de diversas atividades devido ao advento pandêmico. Essa sistemática perdurou algumas semanas, até novas orientações sanitárias divulgadas e medidas preventivas tomadas com maior precaução para a retomada do atendimento presencial. Nesta comunicação, pretende-se discutir (1) a cooperação entre terapeuta e figura materna para a manutenção da caixa, símbolo fundamental no que tange à sobrevivência do vínculo e noção de continuidade da existência - (2) conceitos articulados na perspectiva winnicottiana do desenvolvimento emocional, indispensáveis para a reflexão acerca da terapêutica analítica frente à contingências dramáticas impostas pela pandemia covidiana. 

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