Trauma e genera em Bollas: o trabalho da disseminação psíquica

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Tema: Corpo, dor, silêncio

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AUTORIA

Lia Pitliuk

ABSTRACT
O traumático se refere a experiências que deixam como resto as defesas de contato, a repetição e a estagnação, e daí prejuízos somatopsíquicos das mais variadas naturezas. Nas sombras, complexos ideacionais e afetivos excluídos da consciência atraem as representações, deslocam-se sobre elas e colonizam as novas experiências. Esse colóquio aponta ao processamento conjunto desse tempo terrível dos últimos 2 anos e meio, e ao compartilhamento de recursos para ajudarmos crianças e suas famílias a elaborarem as dimensões traumáticas do vivido, transformando a crise em oportunidade. Nesse contexto, o pensamento de Christopher Bollas se situa como importante aliado, com suas considerações sobre o trabalho disseminativo e suas funções integrativas - a partir da recuperação dos conjuntos históricos da vida de cada criança e do apoio ao trabalho de recepção inconsciente e ao seu processamento no interior da dupla analítica. Junto da concepção freudiana dos nódulos inconscientes, articulados em rede e tirados de circulação, Bollas conceitua as genera, pontos nodais também inconscientes, também articulados em rede, mas por onde a circulação acontece: pontos de convergência inconscientes que, ao contrário dos traumas, promovem busca de objetos e de experiências, receptividade, ligação e disseminação. Por essas vias, promovem transformações e vitalização. Com esses dois “princípios” – de trauma e de genera - abre-se um importante caminho para o fortalecimento das capacidades psíquicas elaborativas e generativas, propulsoras do que se pode entender por “vida viva”. O autor utiliza a associação livre - pensada numa diversidade muito amplas de formas, desde as muitas formas de expressão da criança até as próprias transferência, contratransferência e associações do analista - como meio não apenas de acesso ao excluído, mas também como promessa generativa. Evidencia-se, claramente, como toda essa articulação teórico-clínica é particularmente fértil para pensarmos a clínica com crianças, incluindo-se as gravemente traumatizadas: por estarem em processo de constituição, são elas as que mais tendem a se afetar pelas matrizes de trauma, e que mais se beneficiam da elaboração e expansão promovidas pelas matrizes disseminativas de genera. 

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