ABSTRACT

Este artigo tem como objetivo descrever a divisão sexual do trabalho na cooperativa COOPFAM em Posso
Fundo/MG. A COOPFAM foi escolhida como caso único, considerando ser relevante para a proposta do
trabalho e por apresentar uma linha de café produzido exclusivamente por mulheres associadas, classificado
como sendo o “café orgânico feminino”. A escolha desta cooperativa justifica-se em função de seu histórico de
atuação, do trabalho realizado na tentativa de promover a diminuição da desigualdade de gênero e das questões
de representatividade do setor cooperativo. A divisão sexual do trabalho doméstico, apontando esses trabalhos
como de responsabilidade feminina, é relatado como sendo algo naturalizado e que a desconstrução dos papeis
precisa de tempo. Também se constatou, outras entrevistadas que não destacam essa questão como problemática,
reafirmando a naturalização do debate. Além disso, a atividade cooperativa é vista como potencial para o
empoderamento das mulheres e, especialmente neste caso, para o fortalecimento do Café Feminino. Nas
considerações finais, destaca-se que as mulheres sempre estiveram nas várias etapas do cultivo e da
comercialização do café, mas o mercado não reconhecia um conjunto de valores presentes na atividade. A
organização social permitiu o reconhecimento dessas mulheres e do seu produto.