CONCEPÇÕES DE GRUPO E PRÁTICAS DE BULLYING: A ESCOLA COMO PALCO DOS SINTOMAS SOCIAIS
AUTORIA
Camila Iolanda Frias Medeiros , Pedro Castilho
ABSTRACT
A formação de grupos é comumente observada entre os estudantes adolescentes nos espaços escolares. Sob o ponto de vista psicanalítico e social, é possível caracterizar as relações intersubjetivas presentes nesses laços, assim como suas influências no comportamento dos jovens, indicando elementos para melhor compreensão dos processos grupais. O presente estudo tem como objetivo analisar a dinâmica de funcionamento dos grupos, reconhecendo fatores que atuam em seu interior e produzem efeitos nas subjetividades, refletindo-se nas práticas de bullying. Tendo como referência o texto de Freud, Psicologia das massas e análise do eu (1921), é possível ressaltar importantes mecanismos presentes na estrutura dos grupos a partir do conceito de identificação, que revela aspectos sobre o sentimento social, além dos laços libidinais que estabelecem a coesão entre seus integrantes. A ambivalência emocional também perpassa os processos de associação entre os sujeitos, caracterizando-se por sentimentos conflituosos de amor e ódio compartilhados entre os membros do grupo através da libido. A partir da identificação em torno do líder e seus ideais, desencadeiam-se atos de reprodução das práticas hegemônicas com tendência a naturalização da cultura heteronormativa, branca, racional, cristã e esteticamente padronizada; legitimando formas de dominação e poder, ocasionando intolerância e violência. Nesse sentido, a noção de narcisismo das pequenas diferenças é retratada através do esforço do grupo em eliminar o desequilíbrio em seu interior, supervalorizando uma identidade coletiva e reconhecendo a desconformidade somente no que lhe é externo. Assim, a violência escolar apresenta-se como sintoma social revelando um mal-estar na cultura, sendo necessário, a partir da compreensão desses fenômenos, propor estratégias de intervenção para prevenção e enfrentamento às práticas de bullying.
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