A palavra que faz borda à angústia

DOCUMENTAÇÃO

Tema: Infância, juventude e clínica

Temas Correlatos: Mal-estar contemporâneo e impasses na educação;

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AUTORIA

Helena Greco , Nádia Laguárdia De Lima

ABSTRACT
Este trabalho discute a relação dos adolescentes com o ambiente escolar a partir das aulas on line, implementadas em função da pandemia da Covid-19. Através de  conversações  on line realizadas com adolescentes de uma escola pública de BH, buscamos escutar o que os jovens pensam e sentem em relação a pandemia e identificar em que medida o ensino remoto impacta suas vidas..         
Tivemos o desafio de conduzir conversações mediadas pela tecnologia  e, para a nossa surpresa, os encontros online funcionaram bem. Encontramos adolescentes extremamente angustiados com a emergência da pandemia e seus desdobramentos, e ávidos para falar sobre isso. As mudanças na rotina, proporcionadas pelo confinamento social e pela imersão virtual, contribuem para desalojar o sujeito do campo do Outro, dando lugar a angustia. 
Se ir para a escola representa, para os adolescentes, a possibilidade de se separar do espaço familiar e de se  inserir no espaço público, o confinamento é sentido por eles como a perda da liberdade recém conquistada, como um retrocesso no processo de separação dos pais. No entanto, se a separação que está em questão na adolescência não é física, mas simbólica, a intervenção realizada foi no sentido de marcar que o que haviam conquistado não seria perdido. 
Os adolescentes destacam que a substituição do ensino presencial pelo remoto envolve perdas. No confinamento de suas casas, sem a confrontação dos corpos, os jovens imersos na tela e sobrecarregados de atividades queixam-se do corpo cansado, da dispersão e do desinteresse pelas aulas virtuais. 
Observamos que, mesmo através da tela, foi possível escutar as ressonâncias do encontro com o real da pandemia sobre cada adolescente. Diante da sensação de uma perda irreparável, cada adolescente pôde construir um sentido particular para o que fora perdido, se inscrevendo na cena do Outro. Esse espaço para a palavra permitiu um alargamento do tempo de compreender, com o efeito de apaziguamento da angústia.  
 

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