As entrevistas com os professores no APEGI: uma leitura de sua função e de seus efeitos
AUTORIA
Ana Lúcia Branco Novo , Maycon Andrade Fraga
ABSTRACT
Este trabalho refere-se a um recorte da pesquisa de elaboração e validação do instrumento Acompanhamento Psicanalítico em Escolas, Grupos e Instituições (APEGI) realizada entre 2017 e 2019. Com o objetivo de ser um roteiro de leitura do processo de constituição subjetiva da criança articulado ao seu desenvolvimento e com aplicabilidade em diversos cenários, o APEGI traz novas contribuições da psicanálise para o campo da educação. Pretendemos aqui discutir uma das etapas do APEGI, a entrevista com o professor, personagem que, assim como os pais, além de fornecer o texto sobre o que acredita se passar com a criança, encarna o representante do Outro. Durante a análise do material recolhido nos deparamos com falas divergentes vinda dos pais e dos professores acerca da mesma criança. Instigados, nos questionamos: qual seria a função da entrevista com o professor no APEGI e o que podemos fazer a partir do seu discurso? Assim, abordaremos a relevância do olhar e do discurso do professor para a constituição subjetiva das crianças a partir da entrevista com uma professora sobre dois de seus alunos, André e Otávio, sujeitos que são tomados ora em conjunto e ora como iguais, visão presente nos relatos: “tudo o que se aplica a um vale para o outro”; “Batman e Robin” e “imitam a bagunça um do outro”. Constatamos que a entrevista com o professor traz uma perspectiva da criança a partir do laço social. O recorte trazido no caso de André e Otávio, revela como o discurso da professora não favorece a separação da dupla, tendo efeitos no processo de constituição subjetiva das crianças. Para além da situação de pesquisa, os aspectos levantados neste trabalho, tão presentes no cotidiano escolar, visam ampliar e fomentar as discussões sobre o lugar do professor diante de seus alunos.
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