PARENTALIDADE E TRANSMISSÃO NA CONTEMPORANEIDADE: o dilema entre liberdade x autonomia

DOCUMENTAÇÃO

Tema: Mal-estar contemporâneo e impasses na educação

Temas Correlatos: Mal-estar contemporâneo e impasses na educação;

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AUTORIA

Lia Silva Fonteles Serra

ABSTRACT
	Pensar em parentalidade, transmissão e contemporaneidade requer escutarmos nosso tempo. Lacan, por volta dos anos 1970, após formalizar sua teoria dos discursos no seminário XVII, nos disse de um quinto discurso chamado de discurso do capitalista. A partir da noção de discurso, ele nos põe a pensar que as posições que assumimos no laço social se referem a certas relações estáveis a partir das quais nos colocamos no mundo pela linguagem. Nesse sentido, se tomarmos a composição do projeto neoliberal que vem inundando nossa cultura mais fortemente nos últimos 50 anos, veremos que faz parte deste projeto muito mais que uma mera teoria econômica, mas “uma matriz de produção de discursos que atravessa diferentes dimensões da cultura” (SILVA et al., 2020).  É sobre isso que Lacan se refere ao escutar o discurso do capitalista. Nesse contexto, falar de parentalidade nos nossos dias impreterivelmente nos leva a capturar a incidência desse discurso na transmissão. 
	Para pensarmos nos efeitos dessa incidência, tomaremos para nossa discussão a confusão que opera atualmente entre as noções de autonomia e liberdade, confusão esta que promove uma queda na autoridade parental nos moldes como já apontava Arendt nos anos 1950. É comum observamos atualmente entre os pais de crianças e adolescentes um discurso que confunde autonomia – enquanto possibilidade de um sujeito pensar e agir sem que dependa da presença física de outro para lhe dar suporte, ou se quisermos, a partir de uma ética e um estilo próprios, o que diz respeito ao desejo – com liberdade – no sentido de um liberalismo, uma liberação das atitudes coercitivas de um poder. 
Assim, a partir do uso do termo autonomia, inerente a qualquer educação, os pais contemporâneos lançam mão da ideia de liberdade, ou seja, da não submissão a um poder, como estratégia de desvinculação entre os sujeitos, cujo lema “Cada um por si, Deus por todos”, cabe perfeitamente. 

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