A função socializadora da educação escolar: o que um professor faz acerca do seu compromisso com o laço social?
AUTORIA
Flávia Buechler Tridapalli , Claudia Maria Perrone
ABSTRACT
O projeto de uma educação pública e gratuita para todos produziu efeitos revolucionários na forma de laço social predominante dos governos monarca e aristocrata, sendo um dos feitos mais potentes na história da humanidade acerca do que uma geração pode fazer pela outra. A escola ressurgiu como o lugar público por excelência dos recém-chegados ao mundo, uma instituição que antes de qualquer ensino dogmático passou a se responsabilizar pela transmissão de um laço social que preza pela circulação dos saberes e da palavra, pela liberdade e igualdade de acesso, transmissão na qual a função do professor-educador assumiu extrema importância no compromisso que o seu ofício tem com a promoção e manutenção de um laço social ético. Nesse sentido, afirmamos que o contexto escolar é um importante produtor de laços sociais e por isso todos que fazem parte dele devem estar implicados num engajamento ético que salvaguarda a promoção e mediação de experiências de transmissão geracional e de encontros plurais. É por meio dessas experiências que o mundo humano pode caracterizar-se como habitável, comum e partilhável, no qual a verdade não se reduz a um saber-poder, e onde a criação de um registro afetivo pelo mundo e pelo outro se torna possível. Contudo, não raro constatamos que há um preconceito social a respeito da diferença e não raro nos deparamos com engendramentos discursivos que potencializam o ódio em relação a ela, bem como patologizam, criminalizam e segregam o sujeito-diferente. Em vista disso, almejamos trazer à tona questões acerca dos modos atuais de organização da instituição escolar, do posicionamento e do fazer dos professores ante a implicação e o compromisso que a educação escolar tem com a preservação e manutenção de um laço social ético. Almejamos também tencionar acerca dessa temática a fim de compreender o que se pode revelar sobre o mal-estar contemporâneo da educação, principalmente no que concerne a função socializadora da educação no contexto escolar.
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