POTENCIALIDADES E FRAGILIDADES NO PROCESSO DE GESTÃO: VISÃO DOS GESTORES MUNICIPAIS DE SAÚDE
AUTORIA
André Luis Alves De Quevedo , Camila D’ávila Lopes Alves
ABSTRACT
O objetivo desta pesquisa foi conhecer o perfil dos secretários municipais da saúde de uma Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) e identificar as potencialidades e as fragilidades nos processos de gestão através da visão do gestor ou seus representantes. Metodologia: trata-se uma pesquisa qualitativa descritiva realizada, entre os meses de agosto a outubro de 2018, posterior às reuniões da Comissão Intergestores Regional (CIR) de uma CRS, que atende a duas Regiões de Saúde, correspondendo, desta forma, a vinte e três municípios. Foram incluídos como participantes deste estudo os secretários municipais da saúde destas Regiões de Saúde ou seus representantes. Resultados: dos vinte e três municípios, foram entrevistados quatorze sujeitos. Dez eram secretários municipais de saúde e quatro representantes. A partir das entrevistas, relacionado ao perfil do secretário municipal de saúde ou seu representante foi percebido um gestor graduado, adulto jovem e com alguma experiência em saúde ou na gestão pública. Sobre as potencialidades que facilitam a gestão, foi observada a importância relacionada às equipes, principalmente na questão de união, engajamento, comprometimento e perfis para a função. Foi apontado igualmente que ser profissional da saúde, ter experiência na área e conhecimento da legislação do Sistema Único de Saúde (SUS) facilita o processo de gestão; bem como a discussão e a avaliação dos processos da gestão. Também foi expressiva a resposta de que as reuniões da CIR, a CRS, as reuniões do Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Rio Grande do Sul (COSEMS/RS) e o apoio da administração pública municipal auxiliam fortemente na gestão pública em saúde. Apareceram também relatos sobre a Atenção Básica, e especificamente sobre o processo da planificação e o trabalho em rede como potencializadores no processo da gestão em saúde; assim como, a capacidade de mediar conflitos e o “espírito conciliador”. Sobre as fragilidades que dificultam a gestão, segundo os entrevistados, a maior ênfase foi na falta de recursos financeiros e a burocracia do SUS. Esses também relataram como desafios a equipe não comprometida, a falta de interesse por parte dos profissionais, a falta de perfil, a falta de apreço dos trabalhadores pelo que fazem e a falta de pessoal. Sinalizaram que a intervenção política atrapalha o trabalho do gestor, seja por parte da oposição, administração pública municipal atual ou até mesmo o conselho municipal de saúde - que às vezes é utilizado como “órgão de oposição” política. Os entrevistados relataram igualmente que a cultura da população, as desigualdades sociais e a transição demográfica produzem desafios para os processos de gestão. Por fim, sinaliza-se a pertinência de realização de futuros estudos a respeito de gestão pública em saúde, um processo em constante mudança, com desafios pautados em dificuldades e potencialidades que exigem inovação, processos de invenção e novas formas de gerir pelos atores públicos.
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