AVALIAÇÃO DO ENSINO DE CONTROLE DE INFECÇÃO NA GRADUAÇÃO DE ENFERMAGEM: UM ESTUDO EXPERIMENTAL

DOCUMENTAÇÃO

Tema: Educação, formação e treinamento em saúde

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AUTORIA

Mônica Nascimento Cruz , Adriana Tavares Hang , Miguel De Araújo Vilela , Filipe Augusto Alves Marques , Daniela Oliveira Pontes , Priscilla Perez Da Silva Pereira , Isabela Pimentel Ferreira

ABSTRACT
Introdução
As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) se caracterizam como um problema de saúde pública, visto que são os eventos adversos relacionados à assistência a qual apresentam alta morbidade e mortalidade entre pacientes. Portanto, a vigilância e controle das IRAS demandam aplicação de ações estratégicas que devem ser desenvolvidas pelas autoridades em âmbito nacional e local (WHO, 2002; BRASIL, 2016). No Brasil, o Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (PNPCIRAS) atua seguindo quatro objetivos que visam a diminuição de casos de IRAS, por meio da implementação de atividades realizadas em território nacional. Essas atividades fomentam discussões que contribuem para a identificação de necessidades estratégicas para futuros exercícios (BRASIL, 2016). Os riscos da ocorrência de IRAS podem ser minimizados por meio da utilização de precauções padrões pelos profissionais atuantes, como a realização correta da higienização das mãos; o uso e manuseio de Equipamentos de Proteção Individual (EPI); a segurança com injetáveis e o descarte de perfurocortantes; e a limpeza e desinfecção de equipamentos ou superfícies potencialmente contaminados no ambiente do paciente. Sendo assim, é necessária desenvolver ações educativas que gerem uma cultura de boas práticas na assistência (SARANI et al, 2014; BOEIRA et al, 2016). Os profissionais de enfermagem desempenham um papel importante na atuação da prevenção de infecções e desta forma, precisam de informações e habilidades necessárias para tal (SARANI et al, 2014). Com o propósito de uma assistência eficiente deve-se pensar na possibilidade de inserção do conteúdo relacionado ao controle de IRAS na formação acadêmica o qual resultará em um suporte para que os futuros profissionais incorporem isso no ambiente profissional através de práticas seguras. O objetivo deste estudo foi avaliar analisar o impacto de diferentes abordagens teóricas e práticas no nível de conhecimento sobre controle de infecção de alunos do curso de enfermagem de uma universidade federal do norte do Brasil. 
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo de abordagem experimental entre acadêmicos de enfermagem do quarto e oitavo períodos matriculados na Universidade Federal de Rondônia (UNIR), durante o período de 2019, sendo que apenas o primeiro grupo tinha em sua grade curricular a disciplina de “Prevenção e Controle de Infecção em Saúde”. Para elaborar o projeto de intervenção foi usado o método simplificado do Planejamento Estratégico Situacional (PES). O projeto foi desenvolvido ao longo de 40 horas divididas em seis momentos teórico-práticos, sendo o último uma apresentação acadêmica em formato de seminário, com o propósito de intervenção a eventos de IRAS: planejamento, construção de mapa mental e checklist para diagnóstico; diagnóstico rápido de dispositivos hospitalares; análise dos dados, com preparo de atividades de educação permanente; implementação das ações educativas estipuladas; e atividade na Unidade Básica de Saúde, visando uma avaliação das conformidades recomendadas. Foi aplicado um questionário referente ao conhecimento teórico acerca da temática do controle de infecções aos estudantes. Acadêmicos do oitavo período preencheram o questionário apenas uma vez (no início da disciplina de Estágio Supervisionado II), enquanto os alunos do quarto período o responderam em três momentos (no início e no final da disciplina de Prevenção e Controle de Infecções em Saúde e após a prática dos conteúdos teóricos, ao término da disciplina de Práticas Integrativas em Enfermagem III). Os dados foram catalogados e comparados de forma que as informações qualitativas foram analisadas com base no conteúdo teórico ministrado e as quantitativas por meio da média e do Teste T de Student, considerando relevância estatística de p < 0,005 utilizando o pacote estatístico Stata® 15.0. 
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Participaram desta pesquisa 23 alunos com média de idade de 22 anos (DP 2,5), sendo a maioria do sexo feminino (n=19). A média de acertos no questionário sobre conhecimentos acerca do controle de infecção entre alunos que participaram do projeto de intervenção (disciplinas com componente teórico e prático) foi superior ao que tiveram apenas o componente teórico, ou que não tiveram uma disciplina com conteúdo específico para o controle de IRAS (p<0,01). A média de estudos sobre controle de infecção foi superior entre os alunos que cursaram a disciplina com componentes teóricos e práticos (2,65; DP=2,29). A análise dos dados demonstrou que o tempo dedicado para o estudo e a procura bibliográfica acerca da temática de controle de infecções fora superior entre os alunos que tiveram a disciplina teórico-prática. O índice de satisfação com a abordagem ao tema apresentou maior positividade entre os acadêmicos que se submeteram às atividades teórico-práticas e neste grupo, os mesmos se sentiam mais preparados para atuar na área do controle de infecção quando comparado aos demais alunos. A aplicação ministrada do conteúdo de IRAS demonstrou uma melhora no nível e conhecimento dos acadêmicos do curso de Enfermagem que vivenciaram o aprendizado com componente teórico e prático. O processo de aprendizagem na prevenção de IRAS foi observado em outros estudos como sendo considerado primordial para estudantes da área da saúde, principalmente quando apresentado de modo integral durante a formação acadêmica. Foi verificado que mesmo em modalidades online, a apresentação ao conteúdo de modo planejado é essencial para a formação de profissionais habilitados a trabalharem com o foco na segurança dos usuários (HASSAN, 2018; RAHIMAN et al., 2018). Salienta-se que o conteúdo de controle de infecção seja apresentado aos estudantes antes do início da prática clínica, visando minimizar riscos inclusive para autocontaminação (Al Wutayd et al., 2019). É importante salientar, que projetos pedagógicos de cursos na área da saúde que não preveem desenvolver competências para o controle de infecção e segurança do paciente podem levar a uma formação fragmentada com danos à segurança e qualidade do cuidado (Boeira et al., 2019).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observou-se uma evolução no conhecimento sobre o controle de infecção entre os estudantes quando aplicada uma disciplina formal no currículo do curso, obtendo melhor aproveitamento por parte dos discentes. Devido ao movimento em prol das boas práticas no cuidado, há um enorme desafio para a atualização e formação dos currículos dos cursos de saúde, em especial o de enfermagem, no que tange o controle de infecção, exigindo docentes experientes para ministrar matérias específicas visando preencher as lacunas do conhecimento, trazendo atualizações para sanar as dúvidas e proporcionando discussões promissoras. Com base nisto, é fundamental analisar os projetos pedagógicos dos cursos de graduação, visando maneiras de aprimorar os conhecimentos sobre o controle de infecção formalmente, propondo estratégias de ensino teórico e prático para potencializar as habilidades adquiridas no processo de formação para a aplicação no âmbito profissional. Este projeto de intervenção trouxe à luz uma proposta metodológica de abordagem ao tema de controle às IRAS que pode ser replicado em outros cursos e instituições de ensino.
REFERÊNCIAS
1.	Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA. Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (2016 – 2020). Brasília: ANVISA, 2016. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/documents/33852/3074175/PNPCIRAS+2016-2020/f3eb5d51-616c-49fa-8003-odcb8604e7d9?version=1.1
2.	Al Wutayd, O., AlRehaili, A., AlSafrani, K., Abalkhail, A., AlEidi, S.,  M. (2019). Current Knowledge, Attitudes, and Practice of Medical Students Regarding the Risk of Hepatitis B Virus Infection and Control Measures at Qassim University. Open Access Maced J Med Sci, 7(3), 435?439. Doi:10.3889/oamjms.2019.118
3.	Boeira E.R., Souza A.C.S., Pereira M.S., Vila V.S.C., Tipple A.F.V. O ensino das medidas de prevenção e controle de infecções para a segurança do paciente em cursos de graduação em enfermagem. Rev. Atas Investigação Qualitativa em Saúde, 12 (2), p. 885-894. 2016
4.	Massaroli, A., Martini, J.G., Medina-Moya, J.L., Bitencourt, J.V.O.V., Reibnitz, K.S., Bernandi, M.C. Teaching of infection control in undergraduate courses in health sciences: opinion of experts. Rev Bras Enferm. 71 (suppl 4), 1626-1634. 2018
5.	Mitchell, B.G., Cloete, L., Matheson, L., Say, R., Wells, A., Wilson, F. Australian graduating nurses’ knowledge, intentions and beliefs on infection prevention and control: a cross-sectional study. BMC Nursing. 13 (43), 2014. DOI: http://doi.org/10.1186/s12912-014-0043-9.
6.	Hassan, Z., M. (2018). Improving knowledge and compliance with infection control Standard Precautions among undergraduate nursing students in Jordan. American Journal of Infection Control, 46(3), 297–302. Doi:10.1016/j.ajic.2017.09.010 
7.	Rahiman, F., Chikte, U., Hughes, G.D. Nursing students’ knowledge, attitude and practices of infection prevention and control guidelines at a tertiary institution in the Western Cape: 	A cross sectional study. Nurse Education Today. 69, 20-25. 2018. DOI: http://doi.org/10.1016/j.nedt.2018.06.021
8.	Sarani H, Balouchi A, Masinaeinezhad N, Ebrahimitabas E. Knowledge, Attitude and Practice of Nurses about Standard Precautions for Hospital-Acquired Infection in Teaching Hospitals Affiliated to Zabol University of Medical Sciences. Glob J Health Sci. 8(3), p. 193-198. 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.5539/gjhs.v8n3p193
9. World Health Organization (WHO). Prevention of hospital-acquired infections. Disponível em: http://WHO/CDS/CSR/EPH/2002.12.

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COMENTÁRIOS
Foto do Usuário Edivane Pedrolo 09-02-2021 09:50:35

Os autores descrevem o estudo como experimental, contudo na metodologia descrita não fica claro que se trate realmente desta metodologia.

Foto do Usuário Bianca Joana Mattia 09-02-2021 09:50:35

Parabéns pelo trabalho! Existem algumas inconsistências de formatação.

Foto do Usuário Arghia Gigli De Souza 09-02-2021 09:50:35

Prezados, quero parabeniza-los pela produção desse importante estudo. Certamente esta produção científica se mostra necessária e relevante uma vez que ao adquirir conhecimentos acerca das IRAS esses alunos poderão prestar uma assistência mais qualificada e segura durante e após sua formação. Algumas sugestões: antes da submissão rever formatação do documento e referencias. Acredito que outra forma de trazer visibilidade ao ensino de controle de infecção seria a criação de grupos de pesquisas nas academias.

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