Isolamento, desamparo, repetição traumática. Família pede socorro diante do bebê tirânico.

DOCUMENTAÇÃO

Tema: Pandemia, perdas, luto

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AUTORIA

Wagner Ranña

ABSTRACT
O trabalho aborda uma experiência psicoterapêutica pais-bebê que aconteceu durante a Pandemia de Covid 19. Trata-se de uma família que enfrentou uma desorganização na sua estrutura pelo fato da mãe e bebê ficarem isolados de familiares e do pai, que tinha viajado para outro pais a serviço, estar impossibilitado de regressar em função das medidas sanitárias. O atendimento é demandado por indicação da Pediatra e por solicitação da mãe, que se vê dominada por um bebê que exige ser amamentado ao seio por sua própria demanda, colocava várias dificuldades no seu cuidado, pois tudo tinha que ser como, quando e da forma que o bebê queria. Diante de qualquer frustração em suas demandas o bebê tinha crises de auto-agressividade e hetero-agressividade. O bebê exercia portanto uma verdadeira tirania sobre a mãe e fazia a lei. A mãe não conseguia fazer frente à essa tirania.
Os atendimentos foram feitos de forma online, com sessões conjuntas mãe e bebê, sessões com o pai e com a mãe. As primeiras sessões foram feitas com a mãe e o bebê, as quais deram oportunidade de observar que se tratava de um bebê que estava na linguagem, estabelecia relação com o terapeuta pelo olhar e respondia a algumas solicitações simples. O bebê também conseguia compartilhar uma cena lúdica. 
A situação criada pela pandemia, que determinou o isolamento da dupla mãe-bebê e o distanciamento do pai, foi inicialmente apontada como causadora dos problemas, mas a escuta dos pais vai revelar um passado de violência e assujeitamento da mãe na sua história como filha e como parceira em um relacionamento conjugal anterior ao atual. Havia o contexto atual, bastante desfavorável para esses pais exercerem suas funções, mas a escuta, articulações e interpretações desse passado vão possibilitar à mãe identificar que essa situação de assujeitamento ao outro era uma repetição traumática das duas outras relações vivenciadas, possibilitando os pais se reposicionarem diante da parentalidade. Traumas atuais e passados são revelados, propiciando uma dinâmica familiar mais adequada para a constituição subjetiva do bebê.  
  

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