O que faz um professor? Sobre um lugar de palavra nos sonhos da nação.

DOCUMENTAÇÃO

Tema: Mal-estar contemporâneo e impasses na educação

Temas Correlatos: Formação e trabalho de profissionais da infância;

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AUTORIA

Andressa Mattos Salgado Sampaio

ABSTRACT
O colapso mundial provocado pela pandemia COVID-19 alcançou no Brasil, em julho de 2021, mais de quinhentas mil mortes oficialmente registradas. Ao mesmo tempo, uma pesquisa publicada em dezembro de 2020, encontrou 4,8 milhões de crianças brasileiras em situação de extrema pobreza. Provavelmente essas não são as crianças que “frequentam” aulas on-line sob os cuidados dos pais em ''home-office''. Os estragos provocados pela pandemia e pelo (des)governo atual, incluindo mais de um ano sem escola pública, são profundos e diversos, já que em nosso país coexistem realidades sociais extremamente contraditórias em função da localização geográfica, raça, cor, gênero, e alcance da corrupção dos governantes. 
Diante desse cenário, em que a “sensatez me absurda”, como dizia Manoel de Barros, tento fazer “inconexão” por pensar um lugar de justiça para crianças e professores nos sonhos da nação, em meio às contradições de um país que tritura os sonhos públicos em troca de benefícios privados. Cenário que contemplo com revolta, e que me remetem a Darcy Ribeiro (1977): o que vivemos no Brasil é um projeto de ataque ao ensino público e à experiência educativa. 
Distanciando-me das teses que desconsideram que a questão de justiça que a escola carrega nada tem a ver com métodos pedagógicos igualitários, e sim com o “estofo reservado à palavra escolar nos sonhos da nação” (De Lajonquière 2021, p.35),  proponho analisar o discurso pedagógico oficial narrado em nosso país, na intenção de irromper com as afirmações, prescrições e normatizações que desabam sobre as crianças e os professores, atravessados pelo ideal hegemônico de infância, e governados por dispositivos que buscam, sob a máscara da “qualidade da educação”, atender às demandas neoliberais (Charlot, 2021). Tal análise se desenrola pela via de uma dialética estrutural, a partir dos estudos psicanalíticos no campo da educação, e do pensamento de Arendt sobre educação, responsabilidade, política e autoridade.

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COMENTÁRIOS
Foto do Usuário Silvano Messias Dos Santos 24-10-2021 01:52:26

Seu texto é provocativo e necessário! Me lembrei de duas teses que li, ambas orientadas pelo prof. Lajonquière: a primeira é de Ricardo Dias Sacco, intitulada ''Para uma etiologia da renúncia ao professar: alguns apanhados da corte ao neoliberalismo no Brasil'', e a segunda foi defendida por Ana Carolina Barros Silva, cujo título é ''Por uma utopia para as crianças africanas: a incidência do desejo do Outro na posição do sujeito na escola''. Ambas estão disponíveis para download na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP. Abraço!

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