Inclusão e suposição de sujeito: reflexões a partir do discurso de professoras.
AUTORIA
Marcos Abraão Borges Santos , Júlia Maciel
ABSTRACT
As questões em torno da inclusão escolar lançam luz sobre a necessidade de reinventar os aspectos considerados importantes para a efetividade e afetividade dos processos inclusivos. Especificamente para o autismo e de acordo com o DSM-5, onde há déficits persistentes na comunicação e na interação social em contextos diversos. Partindo da noção de suposição de sujeito, fundamental para o processo de subjetivação, o presente trabalho tem por objetivo apresentar a relação entre inclusão e suposição de sujeito a partir do discurso de professoras na inclusão de alunos com Transtorno do Espectro Autista em São Luís/MA em 2019. Participaram da pesquisa, devidamente aprovada por comitê de ética em pesquisa, quatro professoras dos anos iniciais do ensino fundamental em escolas públicas municipais, que responderam a uma entrevista individual realizada a partir de roteiro semiestruturado, gravadas em áudio e, posteriormente, transcritas e analisadas a partir do referencial teórico da Análise Institucional do Discurso. Nota-se que nas atribuições feitas pelas professoras aos alunos há um aspecto antecipatório que cria espaços em que a aprendizagem será possível. Por vezes, essa suposição aparece à medida em que comportamentos são lidos como porta-vozes do desejo do aluno. Certa professora diz “ele não quer, então aí o que ele faz... ele bate... uma defesa, né... pra mostrar pra ela... não quero fazer, não insiste”. Outra participante descreve uma cena onde “ele ficava assim e apalpava e abatia o pé e a mão assim muito intensamente. Eu dizia: Já vou, meu amor, você está me chamando, eu já vou. Então, eu entendi que.. ele... aquela era a maneira dele me chamar.” Assim, nota-se a relevância de considerar o aspecto da suposição de sujeito ou ainda da suposição de possibilidade de inclusão visto que é a partir desse lugar que a constituição psíquica opera no laço com o outro por meio de quem o Outro faz-se marcar em cada ser na linguagem.
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