Considerações psicanalíticas acerca de função do semelhante e o laço entre as crianças na escola
AUTORIA
Cristine Lacet , Paula Fontana Fonseca , Josca Ailine Baroukh
ABSTRACT
A entrada do sujeito no laço social traz como um de seus efeitos o reconhecimento da diferença. Estabelece-se uma tensão entre a diferença e a semelhança, o que possibilita processos identificatórios. O presente trabalho apresenta uma discussão acerca da função do semelhante, que se refere a um parâmetro horizontal na produção do laço social, necessário ao processo de constituição subjetiva. Trata do encontro do sujeito com o outro semelhante em sua pequena diferença – naquilo que é estranho familiar – e possibilita que ele se coloque como um em relação aos outros. Esse encontro proporciona ao sujeito a construção de um saber sobre si e a possibilidade de localizar-se no laço social. Procuramos conceitualizar tal função a partir dos aportes advindos da clínica psicanalítica, de modo a abordar seus desdobramentos no campo escolar. O atendimento às crianças com patologias que fragilizam o laço social encontrou no dispositivo grupal um importante espaço de vivência e expressão desses entraves. É no laço com o outro, com suas vicissitudes, que o processo de inserção na cultura ganha valor de nomeação e acolhimento da diferença. Estar em grupo possibilita à criança viver a diferença na relação com seu semelhante, o que pode construir formas de lidar com angústias e impasses subjetivos. Na escola são muitas as situações que colocam em jogo a função do semelhante. Adultos e crianças, alunos e professores, são maneiras diferentes de nomear e estabelecer lugares a partir dos quais as relações serão vividas. A intervenção de outra criança opera efeitos que a fala de um adulto é incapaz de produzir. Para a criança, o adulto ocupa o lugar de Outro, enquanto outra criança, no registro do semelhante, ocupa o lugar de outro, permitindo uma identificação que favoreça uma mudança de posição, para além de seus efeitos imaginários – o que significa dizer que estão em jogo a alteridade e a possibilidade de separação.
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