ABSTRACT

As eleições de um país representam uma das formas que caracterizam e legitimam sistemas democráticos. Contudo, a realização da eleição representa um desafio à gestão da administração pública. Trata-se de um sistema complexo com características especiais que exigem uma gestão marcada pela integração de um plano geral e de operações centradas na interface entre subsistemas diversos e mindfulness. Desafios críticos dessa gestão são os fatores imprevistos e a integração do sistema na busca de confiabilidade do processo e de sua legitimidade. O objetivo deste trabalho foi analisar planos e ações estratégicas adotadas para lidar com o imprevisto nas eleições realizadas de 2012 a 2018 no Brasil. Adotou-se conceitos de complexidade organizacional, estratégia e de sistemas de alta confiabilidade. Utilizou-se como fonte de dados entrevistas, observação participante e documentos públicos. Os resultados revelaram que o planejamento, embora relevante, tornou-se insuficiente para o gerenciamento e concretização dos objetivos estabelecidos. À medida em que o processo eleitoral estava em execução, outros elementos se revelaram importantes à gestão, tais como estratégias emergentes e até mesmo, ainda que em menor grau, improvisação, em resposta à dinâmica do processo e a situações imprevisíveis decorrentes do ambiente, todos gerenciados de forma a se buscar eficácia e confiabilidade do sistema eleitoral.